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Guerra pela estatueta dourada

7 de mar. de 2010

A superprodução Avatar e o independente Guerra ao Terror disputam neste domingo, em Los Angeles, o prêmio máximo do cinema

PAULO CAMARGO
 
Há um grande favorito ao Oscar 2010, que será entregue neste domingo em cerimônia a ser realizada no luxuoso Kodak Theater, em Hollywood, região metropolitana de Los Angeles. À exceção do Globo de Ouro, que deu a Avatar os prêmios de melhor filme e direção em janeiro passado, quase todas as associações de críticos nos Estados Unidos, assim como os sindicatos dos diretores, roteiristas, editores e produtores, consagraram Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow. Mas será que o drama bélico, longa-metragem de pequeno orçamento e lançado há quase um ano nos Estados Unidos, sem grande repercussão comercial, tem fôlego para derrubar a megaprodução de Ja mes Cameron, recordista mundial de bilheterias, com mais de US$ 2,5 bilhões acumulados em caixa?


A única forma de ter absoluta certeza de qual será o vencedor do disputado Oscar de melhor filme é aguardar a abertura do envelope, o último da noite, o que deve ocorrer perto de 2 horas da manhã, horário de Brasília.
 
Avatar e Guerra ao Terror representam, de certa forma, extremos da indústria cinematográfica norte-americana e vão brigar, estatueta a estatueta, pela soberania na noite do Oscar. O primeiro simboliza a força dos blockbusters peso pesados, que legitimam o poder hegemônico de Hollywood como indústria de entretenimento no mundo – há três meses a ficção científica de Cameron permanece, semana após semana, no topo dos títulos mais vistos no planeta.


Já o longa de Kathryn Bigelow, que retrata o cotidiano tenso de um esquadrão antibombas na ocupação norte-americana do Iraque, é símbolo de um cinema mais alternativo e autoral, capaz de se impor em meio às produções dos grandes estúdios, de caráter mais comercial. Tanto um quanto o outro receberam nove indicações ao Oscar, incluindo melhor filme e direção, e têm apenas um concorrente à altura: Bastardos Inglórios, misto de filme de guerra e fantasia de Quentin Tarantino, que vem sendo apontado nas últimas semanas como “a terceira opção” capaz de surpreender na hora H. É esperar para ver.

Vale relembrar que, em 2006, O Segredo de Brokeback Mountain, numa trajetória muito semelhante a Guerra ao Terror, era franco favorito ao Oscar de melhor filme, depois de vencer dezenas de prêmios, mas acabou perdendo na categoria principal para Crash – No Limite, de Paul Higgins. Muitos acreditam que a ousadia da história de amor entre dois caubóis gays de Ang Lee teria sido demais para a ala mais conservadora da Academia. Talvez o retrato cru da Guerra do Iraque que, em momento al gum, mostra os soldados americanos como mocinhos e sim como indivíduos atormentados, também seja considerado uma escolha excessivamente liberal. Mesmo em tempos de Barack Obama.

Outros sete longas-metragens, esses sem qualquer chance de vitória, estão entre indicados a melhor filme: Amor sem Escalas, Um Sonho Possível, Preciosa, Distrito 9, Um Homem Sério, Educação e Up – Altas Aventuras, que deve vencer o Oscar de melhor animação. É o primeiro ano que dez títulos estão na corrida de melhor filme.

Marco histórico

Se o prêmio principal tem estado no centro das especulações no Os car deste ano, a categoria de me lhor direção é menos controversa: Kathryn Bigelow, deve bater seu ex-marido, James Cameron, e se tornar a primeira mulher a vencer a estatueta. Ela e Cameron concorrem com Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios), Lee Daniels (Preciosa) e Jason Reitman (Amor sem Escalas).

Inesperado

Uma das maiores surpresas entre os indicados foi a inclusão da ficção científica Distrito 9, do sul-africano Neill Blomkamp, que concorre em três outras categorias: roteiro adaptado, edição e efeitos visuais. Infelizmente, toda a sua originalidade não deve ser suficiente para premiá-lo. Também inesperada foi a indicação a melhor filme do misto de es porte e drama sobre racismo Um Sonho Possível, de John Lee Hancock. Mas, nesse caso, sua estrela, Sandra Bullock, pode ter se beneficiado pela indicação e consolidado seu favoritismo ao Oscar de melhor atriz. Suas concorrentes são: Meryl Streep (Julie & Julia), Carey Mulligan (Educação), Helen Mirren (The Last Station) e Gabourey Sidibe (Preciosa). Meryl, vencedora de duas estatuetas (de coadjuvante, por Kramer Vs. Kramer, e de atriz principal, por A Escolha de Sofia), também tem chances de vencer: tornou-se uma das estrelas de maior sucesso comercial nos últimos anos e muitos creem que seja hora de ela levar um terceiro Oscar.

Se a jovem Gabourey Sidibe tem poucas chances de faturar o prêmio, sua mãe cruel e abusiva em Preciosa, a comediante Mo’Ni que, é a mais cotada para receber a estatueta de melhor atriz coadjuvante. Dificilmente irá perder, apesar de ter feito questão de não entrar no circo da mídia em torno do prêmio. Ela, que venceu os principais prêmios da crítica, concorre com Penélope Cruz (Nine), Anna Kendrick e Vera Farmiga (Amor sem Escalas) e Maggie Gyllenhaal (Coração Louco).

Zebra inesperada na sua categoria, Maggie contracena em Coração Louco com o veterano Jeff Bridges, favoritíssimo a melhor ator. O astro revelado nos anos 70 por A Última Sessão de Cinema está indicado pela quinta vez ao prêmio da Academia, desta vez por seu elogiado desempenho como um cantor country decadente em busca de redenção. Sua vitória é quase certa. Seu principal concorrente é George Clooney, indicado por Amor sem Escalas. Completam a lista Morgan Freeman (Invictus), Colin Firth (Direito de Amar) e a revelação Jeremy Renner, de Guerra ao Terror.

Segundo filme com maior número de indicações, oito ao todo, Bastardos Inglórios tem grandes chances de dar o Oscar de melhor ator coadjuvante ao austríaco Christoph Waltz, já premiado no Festival de Cannes, Globo de Ouro, Bafta (o Oscar britânico) e pelo Sindicato dos Atores. Seu trabalho como o oficial nazista Hans Landa é um dos pontos altos do ótimo longa de Ta rantino e é uma das quase certezas deste ano. Com ele concorrem Stanley Tucci (Um Olhar do Paraíso), Christopher Plummer (A Última Estação), Matt Damon (Invictus) e Woody Harrelson (O Mensageiro). O único com chances de surpreender nesta categoria é o veterano Plummer, que dizem estar brilhante como o escritor russo Leon Tolstói em seus derradeiros anos de vida. A Academia adora corrigir erros do passado nessa categoria, reconhecendo atores com carreiras sólidas. E esse pode ser o caso.

Filme estrangeiro

Dois longas-metragens latino-americanos ficaram entre os cinco finalistas: o peruano A Teta Assustada, de Claudia Llosa (Urso de Ou ro no Festival de Berlim 2009), e o argentino O Segredo dos Seus Olhos, de Juan José Campanella, já indicado uma vez pelo sucesso internacional de bilheteria O Filho da Noiva. Dizem os insiders da indústria que Campanella, que hoje dirige o seriado Law and Order nos EUA, tem alguma chance de surpreender.

Completam a lista o elogiado Ajami, de Israel; O Profeta, da França, e o teoricamente favorito A Fita Branca, do alemão Michael Ha ne ke, vencedor do Globo de Ouro e da Palma de Ouro no Festival de Cannes do ano passado. Como a categoria de filme estrangeiro costuma reservar surpresas de última hora, qualquer um dos cinco longas pode sair hoje premiado da festa, que será apresentada por Steve Martin e Alec Baldwin.

Veja reportagem original aqui.

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