ANNALICE DEL VECCHIO
Quando se pensa em pa péis femininos no cinema é mais fácil vir à mente a dócil, bela e platinada Marilyn Monroe em comédias clássicas como Quanto Mais Quente Melhor do que a vigorosa e temperamental Bette Davis de filmes como A Malvada.
Mas, felizmente, à medida que as mulheres conquistam mais espaço fora das telonas, cresce o número de filmes com papéis femininos fortes. “Não na mesma medida do avanço das mulheres. Ainda há poucas protagonistas no cinema. Em geral, essas mulheres são mães, namoradas, amigas, ainda que elas não sejam mais as mocinhas em perigo de antigamente, mesmo nos filmes de ação”, opina Mariane.
Ela vê papéis femininos mais consistentes nos seriados de televisão. Um bom exemplo é a bela e nada inofensiva Kate Austen, personagem de Evangeline Lilly no seriado Lost. “O cinema é bem mais conservador em geral e mira majoritariamente nos garotos de 12 a 18 anos de idade”, diz Mariane.
Um número maior de mulheres nas funções de diretor e roteirista não indica necessariamente mais papéis femininos destacados. “Esta é a tendência, já que o cinema sempre reflete os movimentos da sociedade. Mas diretores homens também podem ter esse olhar atento e capaz, como muitas ve zes acontece”, diz Neusa Barbosa, crítica do site Cineweb e colaboradora da Revista Bravo!.
O norte-americano John Cas savetes é um deles. “Ele criou uma galeria de mulheres inesquecíveis para sua esposa, a atriz Gena Rowlands”, lembra Neusa. Em Glória (1980), ela é uma mu lher que arrisca a própria vida para proteger uma criança de um grupo mafioso. A crítica do Cine web também cita o brasileiro Car los Reichenbach, cuja cinematografia está recheada de personagens femininas fortes. No último deles, Falsa Loura (2007), a operária vivida por Rosane Mull hol land “comete erros e sai com a cabeça erguida”, opina Morisa wa.
Forte candidata ao Oscar pela direção seu filme Guerra ao Terror, a americana Kathryn Bigelow nunca se interessou pelo universo feminino. “Guerra ao Terror é, essencialmente, um filme de e sobre homens, uma pesquisa sobre esse universo tão masculino que é a guerra”, diz a editora da Marie Claire. Incrivelmente, analisa, a milionária superprodução Avatar, dirigida pelo ex-marido da diretora, tem mais personagens femininas. “E todas fortes”, diz.
Brasileiras fortes
No cinema nacional, algumas atrizes se destacaram no passado ao interpretar mulheres de posições políticas firmes e sexualmente bem resolvidas. O melhor exemplo é a musa do cinema nacional, Helena Ignez, que viveu personagens debochadas e extravagantes (leia quadro). Hoje, musas como ela são raridade. “Não raro faltam candidatas ao prêmio de melhor atriz nos festivais”, diz Mariane.
Ela cita como interessante o papel de Glória Pires em É Proibido Fumar (que ganhou os prêmios de melhor filme e atriz do Festival de Brasília do ano passado), de Anna Muylaert. Glória interpreta umaprofessora de violão quarentona e encalhada, fumante, fã de Chico Buarque e que se apaixona pelo vizinho roqueiro. “É bem construída, foge dos estereótipos e, ao mesmo tempo, é muito real, poderia ser minha prima ou vizinha.”
Veja reportagem original aqui.
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