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Estreia nos cinemas o sueco "Os homens que não amavam as mulheres"

14 de mai. de 2010

14-05-10
(Reuters) - Editorialmente falando, a Trilogia Milênio, do sueco Stieg Larsson (1954-2004) representa para os adultos o que as séries "Crepúsculo" e "Harry Potter" estão para o público infanto-juvenil, ou seja, um fenômeno de vendas - embora nem tanto quanto os livros para os jovens. Era inevitável que mais cedo ou mais tarde, os romances de suspense chegariam às telas - em dose dupla. Na Suécia, os três livros já foram adaptados para o cinema e renderam uma série de televisão.


O inevitável remake norte-americano já está a caminho e, possivelmente será dirigido por David Fincher ("O curioso caso de Benjamin Button", "Clube da Luta") - mas, apesar da afinidade que o diretor possa ter por personagens bizarros e situações idem e pelo lado obscuro do ser humano, é bem provável que a nova adaptação deixará de lado a perversão sexual da trama, o que é uma pena, pois ambos têm um papel central na história da primeira parte da trilogia, "Os Homens que Não Amavam as Mulheres", que chega aos cinemas brasileiros na sexta-feira.

Dirigido pelo dinamarquês Niels Arden Oplev, "Os Homens que Não Amavam as Mulheres" é suspense com uma carga dramática calculada, e reviravoltas plausíveis e instigantes. Mas o que há de melhor no filme - melhor até do que o filme em si - é a sua heroína, uma hacker tatuada e coberta de piercings que, dados os seus conhecimentos de informática, poderia ter feito um download do próprio longa antes mesmo que esse chegasse aos cinemas.

Ela é Lisbeth Salander (Noomi Rapace), órfã de passado nebuloso, mais ou menos explicado em flashbacks, que trabalha incógnita numa empresa de investigação. Quando perguntam o que ela faz, responde: 'tiro cópias e faço café'. Que acreditem os ingênuos. Noomi agarra esse personagem com tanta intensidade que fica difícil imaginar a sua carreira antes e/ou depois de "Os homens que não amavam as mulheres".

A princípio, ela parece ter sido contratada para investigar a vida do editor de uma respeitada revista econômica que acaba de ser condenado por uma reportagem que publicou. Ele é Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist), que pede demissão antes de cumprir sua pena de seis meses.

Antes de ir para a cadeia, no entanto, ele é contratado por um milionário para investigar o assassinato de sua sobrinha, há quatro décadas. O corpo nunca foi achado e o patriarca, Henrik Vanger (Sven-Bertil Taube), desconfia que o assassino seja um membro de sua família. Um clã, aliás, que não faria feio em qualquer folhetim televisivo, pois é um catálogo das perversões humanas, incluindo ganância, disputa de poder e alguns membros com passado nazista.

Antigamente, os investigadores contavam com recursos limitados para os seus trabalhos, como muitas entrevistas, e arquivos de jornal. Atualmente, uma ferramenta bastante útil entra em cena: a internet. E é aí que Lisbeth começa a ajudar Mikael. Inicialmente, sob seu pseudônimo profissional, mas depois acaba contratada formalmente pelo jornalista.

Investigação de assassinatos, listagem de possíveis suspeitos e reviravoltas não são nenhuma novidade no universo da ficção. Desde muito antes de Agatha Christie esse tipo de narrativa já existia. E o diretor não está nem um pouco interessado em reinventar o gênero, mas trabalhar com as ferramentas que possui. E isso ele faz muito bem.

"Os homens que odiavam as mulheres" poderia ser mais curto - 152 minutos é um pouco demais para o gênero, mas ainda assim o filme mantém o ritmo e a tensão e se destaca da leva de suspense dos últimos tempos, em que sustos e correrias parecem ser a regra.

Em certos momentos, o longa é um estudo de personagem, é a luta de Lisbeth pela sua sobrevivência em um mundo hostil e dominado por homens. As suas tatuagens, piercings e o visual sempre escuro e carregado na maquiagem parecem ser uma proteção cobrindo uma garota frágil em busca de uma figura paterna que Mikael pode representar muito bem. Enfim, é um filme que vale a pena ser visto, antes que Hollywood o estrague.
 
D'O Globo

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