Clockwork Comunicação

Twitter

O que é o clipping?

blog Pausa Dramática

Lançamento de novela, uma "festa" que não tem nada de festa

12 de mai. de 2010

12-05-10
“Não fica desesperado”, pede Mariana Ximenes ao fotógrafo afoito que tenta registrar um momento considerado histórico: uma foto da atriz ao lado de sua colega Carolina Dieckmann. As duas estão entre as principais estrelas da festa de lançamento da novela “Passione”, de Silvio de Abreu, realizada na noite de segunda-feira, em São Paulo.



Por não mais de 30 segundos, Mariana e Carolina ensaiaram os melhores sorrisos que possuem, quase colaram os rostos e se deixaram fotografar por três dezenas de fotógrafos. Encerrada a sessão, voltaram a ficar sérias e saíram uma para cada lado.

“Festa de lançamento de novela”, para quem desconhece, é um evento criado com o único objetivo de promover e divulgar junto à mídia a próxima atração da televisão. Apesar do nome, está longe de ser uma festa. Participam, de um lado, autores, diretores, atores e equipe técnica da novela; de outro, representantes de todos os sites, jornais e revistas interessados nos mais variados aspectos da produção. Por fim, o evento também é frequentado por publicitários, anunciantes e clientes da emissora.

Marcado para as 20h, o evento começa pontualmente no horário com a chegada do principal responsável pela confusão: Sua Senhoria, o Autor. Atencioso, Silvio de Abreu responde dezenas de vezes às mesmas perguntas, descrevendo o perfil de cada personagem. Algumas perguntas são mais difíceis. Por exemplo: “Maitê Proença vai trair muito o marido?” “Vai”, diz, meio sem graça.

Mais fácil é, tal qual um jogador de futebol, explicar “qual é a sua expectativa para esta novela?” Responde Silvio: “A expectativa é grande, mas estou confiante. Está tudo muito bem amarrado. Esta é a minha 13ª novela”. Um jogador de futebol não responderia melhor.
 
Às 20h30, chega a primeira atriz da novela. “Bianca alguma coisa”, diz o fotógrafo que dispara sua máquina antes mesmo de saber quem é a jovem morena. Trata-se de Bianca Bin, que viverá Fátima, uma menina apaixonada pelo ciclista Danilo (Cauã Reymond). “Você vai pedalar?”, indaga uma jornalista.


Quando Reynaldo Gianecchini chega, por volta das 20h45, o tumulto aumenta. “Qual é a sua expectativa para a estreia?”, começam os repórteres. “Muito grande. É a primeira vez que faço um vilão”, ajuda o ator. Sobre sua parceira de vilania, Mariana Ximenes, Gianecchini explica: “É uma bandidinha que às vezes escorrega. O meu personagem é mais esperto”. Sei...

Em torno de cada ator que chega, formam-se rodinhas de repórteres e fotógrafos. As entrevistas duram cinco minutos, no máximo. “Qual é a sua expectativa para a estreia?” Ou: “Como você define o seu personagem?” Os grandes Elias Gleizer e Flavio Migliaccio são deixados à própria sorte em menos de um minuto. Coitados. No outro extremo, Gianecchini atende a imprensa por quase 30 minutos. Coitado.

Também pouco assediado, Mauro Mendonça adota um artifício interessante para ganhar um pouco de atenção. A certa altura da “festa”, ele sai de fininho e, poucos minutos depois, volta. Para alguns fotógrafos distraídos, que estão na porta, é como se o ator estivesse chegando – e dá-lhe clique.

Fernanda Montenegro chega às 21h15, quase na mesma hora em que Tony Ramos. Diferentemente da maioria das colegas, ela não ensaia um sorriso especial para os fotógrafos. Enquanto é freneticamente clicada, repete, em voz baixa: “Obrigado”, “obrigado”, “obrigado”.

“O que vai acontecer com seu personagem?”, perguntam a Tony Ramos. Com aquele jeitão que fez a sua fama, carinhoso e didático como os melhores tios, ele explica: “Novela é amor, paixão e suspense. Se não houver isso, não é novela.” E fim de papo.

Apenas Carolina Dieckmann rivaliza com Gianecchini em matéria de assédio da imprensa. Por quase 30 minutos, ela responde sobre sua personagem, seu casamento, seus filhos, a roupa que está usando e um pouco mais. Sua personagem se dividirá entre o amor de Gerson (Marcello Antony) e Mauro (Rodrigo Lombardi).

Dieckmann supera a primeira casca de banana (“Você vai gostar mais de qual dos dois”?) com uma evasiva. “É novela, fica em aberto”. Depois vem a mais difícil: “Você acha que uma pessoa pode gostar de dois ao mesmo tempo?” A atriz faz uma careta, pensa um pouco e diz: “Nunca aconteceu comigo”. Para seu alívio, a pergunta seguinte é: “De quem é esse vestido que você está usando?” É um Givenchy, ela diz.
 
Piloto de Stock Car, o personagem de Antony tem um dublê. “Como ele se chama?”, quer saber uma repórter. “Não lembro o nome dele”, lamenta o ator. Que logo escapa com uma revelação bombástica: “Meu personagem vai viver uma quebra de paradigma, algo que nunca aconteceu na tevê brasileira”. O quê? – perguntam ao mesmo tempo uns dez jornalistas. “Só posso dizer que é uma quebra de paradigma”. E aquela frase ecoa pelo salão: “Uma quebra de paradigma”...


Uma depois da outra, as repórteres perguntam a Cauã Reymond se ele vai se casar com Grazi Massafera. O ator mostra o anel e repete: “Eu já me considero casado”. “A Grazi é fofa”, observa uma jornalista, depois de entrevistá-la. “Muito fofa”, concorda a outra. Com paciência, a atriz ouve uma pergunta sobre o batom que está usando e, sábia, não faz propaganda de graça: “Não sei o nome. Sou uma negação para essas coisas”.

Por 25 minutos, o salão fica às escuras enquanto é exibido um grande clipe com cenas da novela, que estreia na segunda-feira, dia 17. Ao final, por volta das 23h, recomeça a rotina de entrevistas. “Minha personagem é muito excêntrica, mas muito autêntica”, explica Gabriela Duarte. “Agora que o seu cabelo está mais claro, como você cuida dele?” “Ah, eu faço hidratação”. E por aí vai...

Dois convidados empurram com o pé, para debaixo da mesa, algumas fatias de presunto que caíram no chão. Os doces são servidos. Alguns atores saem de fininho e outros imploram, com os olhos, para que os repórteres encerrem as entrevistas. A “festa” está começando a acabar.
 
Do UOL

0 comentários:

Postar um comentário

 

2009 ·Clockwork News by TNB