MANUELA SALAZAR
Um espetáculo jovem, divertido, escrachado, irreverente. É polêmico também, quando trata de temas como racismo, sexo, homossexualidade e hipocrisia com canções irônicas e de maneira quase natural.
A produção é repleta de detalhes que encantam: o cenário de uma rua decadente em Nova York, a iluminação cuidadosa, o figurino simples e bem pensado. As canções fogem um pouco das exibições vocais comuns na Broadway – de onde originalmente o espetáculo saiu – e pendem para um pop agradável. As adaptações das letras para o português soam naturais, e as piadas não parecem meras traduções.
Por vezes, o enredo de Avenida Q lembra mesmo o de um programa infantil americano, na sua maneira de aconselhar o público com lições de moral. Mas isso o faz ser ainda mais hilário, pois o tom é sempre irônico e sarcástico.
O jovem Princeton (o estreante Roberto Donadelli é destaque no elenco) acaba de se formar e chega a seu novo endereço, na Avenida Q. Em sua vizinhança, uma fauna de estereótipos de losers (tipicamente americanos, mas aplicáveis ao Brasil): o desempregado, o gay enrustido, a psicóloga que não tem qualquer cliente, a ex-celebridade infantil, o viciado em pornografia. E Princeton está prestes a se juntar a eles no mar dos “perdedores”, pois não consegue arranjar um emprego, nem um rumo para sua vida. A busca por este sentido é o fio que conduz o enredo entre as canções e pode fazer o espectador sair do segundo ato rindo de si mesmo.
Da Gazeta do Povo
Para opinião de Flávio St Jayme e mais fotos exclusivas, clique aqui
0 comentários:
Postar um comentário